terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Para quê Astrologia? esboço de análise do mapa de Israel

Para quê Astrologia?

Para quê Astrologia se Israel acaba de matar 300 palestinos e justificou sua ação com a frase “O objetivo é estabelecer uma nova realidade”? Para quê serve a Astrologia num momento como esse?
Meu primeiro impulso é dizer: pra nada. Nada, frente a tão nefasta conjuntura, faz sentido – a não ser parar essa matança (genocídio? sim), perpetrada por uma dita política “de paz”.
Meu segundo impulso é analisar o mapa de Israel, fazendo os devidos ajustes por se tratar de um mapa de um país.

Israel foi fundada em 14 de maio de 1948, às 16h:37, em Tel Aviv. Fonte: www.astrodatabank.com

O Estado de Israel é Touro com ASC Escorpião, sendo regido por Marte e Plutão. Esses planetas estão na Casa X, além de Saturno e Lua, esta em conjunção com o Meio-do-Céu.
De cara, chama a atenção o foco belicista (Marte exaltado na Casa X), movido pela ânsia de poder e controle (Plutão e Saturno na Casa X). A Lua em conjunção ao Meio-do-Céu indica popularidade do país (ainda mais por estar num signo dramático como Leão) mas o objetivo principal desse mapa, expresso pelo Meio-do-céu, é: território, nação, origens (por mais irônico que isso possa significar.)
Já que isso é um tema presente na gênese do próprio país, temos de analisar a Casa IV e seus regentes.
Com Aquário nesta Casa, é esperado mudanças súbitas, reforçado por Urano estar em oposição a Júpiter – o imprevisível ampliado. Tranquilidade? Pouco provável.
O Steliumm (concentração de planetas em um mesmo signo ou casa) no signo de Leão e na Casa X significa duas coisas: Israel precisa atuar como o líder (Leão) nas questões relativas à ordem social/política (Casa X). Saturno é muito forte nesta casa, reforçado pela conjunção a Plutão: Ambição e autoritarismo, vibrando sempre juntos.
Retomando o regente do Mapa – Marte – notamos que ele está em Leão, o que pode significar que seu impulso de luta, de afirmação pessoal tem or objetivo visibilidade social – ser considerado “the greatest”. Este aspecto, que poderia significar apenas uma liderança nata, está em quadratura com o Sol. E aí? Aí que a natureza, a essência desse país é conservadora, materialista, sólida, apegada; O touro israelense tem pavio curto, é agressivo e autoritário.
Marte faz um trígono com Júpiter em Sagitário, seu domicílio. Bom, o poder bélico (Marte) está bem dosado e parece jorrar continuamente (trígono júpiter), advindo sobretudo da capacidade de inspirar fé nas pessoas – Júpiter é o guardião da fé e dos líderes religiosos.
Dois últimos tópicos pra concluir: A força política de Israel depende de sua capacidade de estabelcer parcerias e acordos, e esse é o ensinamento que esse país deveria ter em larga escala – Sol, dispositor do Steliumm em Leão está na Casa VII, ao lado do nodo Norte. É isso que Israel tem de aprender e divulgar ao mundo: entender-me a partir do outro. Irônico, né?
Por falar em comunicação, um aspecto deveras interessante: Netuno está domiciliado na Casa XII em trígono exato com Mercúrio na VIII, ambos em signo de ar, o que proporciona uma influência religiosa poderosa e que espalha-se rapidamente (Mercúrio em Gêmeos) através de idéias que fixam-se intensamente (Mercúrio na Casa VIII.) Israel é, sem dúvida, a guardiã de um ensinamento religioso profundo e de extremo valor. É uma fonte.
Por fim, uma observação geral: o excesso de planetas em signos fixos reforça a falta de flexibilidade e jogo de cintura. A mudança em Israel acontece através de quebras e reconstruções, cacos e cimento.
Agora, pra quê tanta morte? Não compreendo.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O Ascendente

Hoje mesmo uma conhecida me perguntou: "Quero fazer uma análise do meu mapa com ênfase no meu Ascendente, pois soube que ele fica mais forte com o passar do tempo." Fiquei com cara de paisagem. Mudei de assunto, mas aproveito essa deixa pra fazer uma breve explanação sobre o tema.
A maior parte da literatura sobre esse assunto associa o signo Ascendente - que estava ascendendo na hora do nascimento - com a noção de persona. Persona, para os gregos, eram aquelas máscaras enormes que os atores usavam quando interpretavam as peças; estas, por sua vez, impediam que o público visse sua expressão enquanto interpretavam, ficando apenas com o som de sua voz e com sua expressão corporal (que, até onde sei, era bem pouca.)
Essa imagem é bacana pois explora dois aspectos do Ascendente: a fixidez de sua natureza - pois a máscara é estática - e a idéia de "canal" através do qual o sujeito se expressa. Aliás, persona quer dizer "soar através."
Ainda nessa linha, há uma explicação muito boa no livro "As doze casas", de Howard Sasportas (obrigatório), que associa o Ascendente a um filtro, uma lente: é através do enfoque determinado pelo signo Ascendente que destacaremos certos aspectos da realidade em detrimento de outros; da mesma forma, ele modula o canal daquilo que somos internamente com
o universo externo. Lente, filtro, porta: deixa entrar, deixa sair.
Assim, o Ascendente seria o veículo que utilizamos em nossa vida, o personagem principal, o modo como primeiro abordamos uma questão, os inícios, o nascimento, o corpo físico.

Assim, voltando ao início do texto, não faria muito sentido pensar que o Ascendente torna-se mais forte com o passar do tempo; em tese, deveríamos buscar mais o sentido profundo do Sol - e do mapa como um todo - para integrar-nos com nós mesmos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Transitos de Saturno II - esboço de uma interpretação

Mantendo o mesmo tema anterior mas mudando um pouco o tom da prosa, continuamos falando sobre os possíveis efeitos de um transito de Saturno sobre os planetas.
Vamos imaginar que Saturno esteja em aspecto com seu Sol. Bom, a luz da casa está queimada, obscurecida. Resultado? Tá difícil brilhar, ter clareza sobre si mesmo, pois há uma tendência a enxergar tudo cinza, escuro. "Acabou a força" vale como expresão síntese: a vitalidade não vai lá muito bem, não. E o que podemos fazer quando a estamos na escuridão? Uma boa opção é meditar, ficar quieto, não começar nada - já pensou iniciar algo no escuro? - olhar pra dentro, onde está a verdadeira luz, o coração - associado ao Sol, doador de vida.
Agora vamos imaginar Saturno se encontrando com a Lua. Aquilo que está presente em todos os momentos, aquela mãe que nos conhece, nos acolhe, prepara a comidinha que tanto gostamos, dá colo. Bom, ela não está agora. Foi trabalhar. Ou está meio fria. Nossos sentimentos estão meio travados. Tem pouca comida (congelada), a casa. Rola melancolia, nos sentimos sozinhos. "Chato pra burro", como diria Nelson Rodrigues. O que fazer nesse momento? Hum, a ver: não julgar os sentimentos alheios nem pautar-se principalmente por eles. Deixar passar, sentir sem vergonha, observar os padrões emocionais, chorar sem dó nem piedade de si. Marisa Monte e Arnaldo Antunes cantam isso em De mais ninguém
A sala, o quarto, a casa está vazia,
A cozinha, o corredor
Se nos meus braços ela não se aninha,
A dor é minha.







sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Os transitos de Saturno I - esboço de uma introdução

Aproveito aqui para falar, de maneira um pouco genérica, sobre os trânsitos de Saturno.
Antes, uma consideração de ordem prática: o trânsito de Saturno significa que, em dado momento, Saturno está num determinado ponto do céu, e este ponto se relaciona com algum ponto do mapa natal. Simples assim.
Então, Saturno. Pra quem já ouviu algum astrólogo falar, sabe que Saturno não tem lá uma fama muito boa...
Saturno é associado com o princípio de "realidade" em nossa vida.
Muitas vezes na vida imaginamos, pensamos, refletimos sobre esse ou aquele assunto de modo pouco realista. Contudo, é comum que chegue uma hora que algum evento ocorra e nos "obrigue" a lidar com aquele assunto de um modo direto, objetivo, muitas vezes penoso. Choque de "realidade." Esse é um momento de Saturno: fazer as contas, botar na balança, avaliar, peneirar.
Isso ocorre pois Saturno apresenta uma situação destacando sua faceta mais árida, limitante, objetiva. E isso, necessariamente, se confronta com a imagem que projetamos previamente.
Portanto, o planeta ou casa do mapa natal que receber um trânsito de Saturno, expressará suas características de maneira mais difícil, mais limitada, ou mesmo terá sua energia bloqueada. E por quê?
Porque a mensagem que está implícita é: esse jeito com que você lida com essa área de sua vida não lhe serve mais. Então, "menos". É preciso avaliar para perceber o que cortar: aquilo que perdeu a utilidade, envelheceu, caducou: virou um fardo sem sentido. A não ser que o sentido seja manter algo apenas porque nos acostumamos.
E aceitar isso, geralmente, dói. Dói porque o momento de descida onda é mais difícil, porque contrair é mais difícil que expandir. Aliás, se alguém pensou em termos musculares, acertou. Sintam os músculos se contraindo e relaxando (expansão); Como é?
Portanto, vamos imaginar que Saturno está em trânsito fazendo uma conjunção com Mercúrio. O uso da energia de Mercúrio, que está ligada ao transporte - de pessoas, de informações, de dinheiro, de idéias - será, então, testada, examinada, auditada. Seremos confrontados, através de situações externas, com o modo como realizamos esse "transporte" mercurial. Por exemplo, podemos ter que realizar um concurso ou uma prova escrita. Ou lidar com documentos de uma maneira mais criteriosa. Ou termos muitos desentendimentos em conversas. Ou talvez nem queiramos conversar muito. Mal-entendidos. Dor de garganta? Pode ser.
E isso é difícil. Porque perceber essas limitações nos fazem ter de "abaixar" - o símbolo de Saturno é um homem ajoelhado em frente a uma cruz, o limite - frente a algo e aceitar o que as condições nos impõem. O que pode fazer alguma diferença é "como" nos ajoelhamos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Os descaminhos de Peixes

Último signo do zodíaco, Peixes é o signo que parece expressar, de maneira pouco convencional e clara, diversas características dos signos que o precedem.
Altamente influenciável e fluido, Peixes é um signo do elemento água e portanto está instintivamente ligado ao universo do sentimento, das águas. E as águas de Peixes são águas em movimento, pois Peixes é mutável; assim, deve buscar aprender (signos mutáveis) com as experiências emocionais (elemento água.) Logo vemos que essa tarefa não é das mais simples, pois implica compreender - e aceitar - os descaminhos do coração, dos desejos, das vontades passageiras, e daquilo que é dúbio em nossa existência. O símbolo desse signo são dois peixes nadando em direções opostas, presos pela cauda.
Essa dubiedade pisiciana pode ter origem em sua extrema sensibilidade: Feito uma antena parabólica emocional, os piscianos vão coletando as impressões (coisa vaga por definição) e misturando-as consigo. Então, alguém pergunta pro pisciano: O que você acha disso? Bem, ele coça a cabeça, às vezes sorri, pode até começar uma explicação. Mas não interessa: repleto das impressões dos outros e dos lugares que frequenta, Peixes tende a viver imerso num caos de sensações contraditórias.
Pelo lado oposto, o signo de Virgem completa essa face de Peixes: Virgem devota-se a traduzir e explicar as coisas de modo concreto, para que possamos ter um pouco de operacionalidade sobre elas. "Análise", palavra cara aos Virginianos, significa separar, dividir. Peixes vive a (con)fusão das coisas.
Podemos imaginar Peixes como algo muito lisérgico, como uma tela surrealista ou de Bosch. Peixes vive, simultaneamente, a dor e o êxtase.
Assim, se muitas vezes Peixes tem dificuldade em agir, pode ser porque ele tende a considerar muito sensações e impressões alheias a si próprio, colhidas em alguma experiência alucinógena ou escapista: cinema, sonhos, internet, arte, drogas, loucura, êxtase.
Alguns livros costumam associar Peixes à história de "Alice no país das maravilhas". Alice, como sabemos, dorme e embarca num sonho altamente lisérgico, onde as coisas crescem e diminuem, seres surgem e desaparecem, os valores estão bagunçados. Alice tenta entender o que se passa com sua lógica de menina, mas simplesmente tem de render-se à loucura e non-sense que reina à sua volta. Aliás, tem até uma lagarta que come um cogumelo - a referência à alucinação é evidente.

Pra terminar, um poeminha de Bandeira

O RIO

Ser como o rio
silencioso dentro da noite
Não temer as trevas da noite
Se há estrelas no céus, refleti-las
Mas se os céus se pejam de nuvens
como o rio as nuvens são água
refleti-las também sem mágoa
nas profundidas tranquilas

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Capricórnio e a montanha

Quero falar um pouco sobre Capricórnio, um signo que pouco se mostra mas que tem muito a ensinar.
Quando analiso um mapa de alguém que tem forte influência de Capricórnio (Sol, Lua ou outro aspecto) costumo contar uma história:
O Capricórnio é uma cabra, que tem diante de si uma grande montanha para escalar. O motivo dessa escalada é comer a grama mais verde, que se encontra no pico mais alto.
E assim, após calcular o caminho que seguirá, esperar pelas condições mais adequadas, a cabra inicia sua jornada.
Caminho solitário: o relevo dos alpes (ao que parece) não permite espaço para dois companheiros seguirem juntos; em alguns pontos, a cabra é obrigada e juntar suas quatro patas no limitado espaço disponível e parar, pois o vento é demasiado intenso. O tempo passa.
É possível que haja outras cabras escalando também, mas em geral uma cabra está muito obstinada em alcançar sua meta, portante pode simplesmente (é verdade) não notar nada que não se refira ao seu objetivo. Inclusive, seus sentimentos, essa coisa estranha que varia sem seguir qualquer lógica coerente.
Por fim, acredito que a cabra alcance seu objetivo. Ela pode, enfim, desfrutar do sabor único da grama, naquele espaço pequeno que o cume lhe reserva.
Algumas cabras (talvez a maioria) satisfazem-se com isso e, por que não dizer, sentem uma espécie de orgulho que os distingue da maioria. Mas...

O que fazer depois de conseguir alcançar a realização material? Algumas cabras, como já mencionei, se contentam em guardar seu espaço, marcar bem seu território, preservar sua segurança a todo custo. Outras, ao chegar ao topo, vislumbram o mar.
Sim, o mar sem limite, um grande ser vivo em movimento constante. E a cabra entende que pode, enfim, transcender as preocupações mundanas, a segurança material, a respeitabilidade que sua posição lhe reserva. Ela entende que a meta não é material, é espiritual.
E, como Cristo, a cabra salta do pico da montanha e mergulha no mar profundo. Lá, ganha uma calda de peixe, o que explica o símbolo um pouco diferente desse sigo.

Pode, enfim, descansar. Sua escalada, agora, é para dentro.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Lua nova em Escorpião

E então hoje (28/10/08), à noite, a Lua encontra-se como Sol, ambos em Escorpião. Lua nova.

Tradicionalmente, o período da Lua nova é bom pra gente iniciar coisas novas: um trabalho, uma dieta (ainda mais que a Lua está associada à alimentação), conhecer gente nova, cortar o cabelo (se o objetivo for mudar o visual, com certeza.)
Este é um período bacana pra lançar as sementes (me desculpem a falta de uma expressão mais original) e esperar que elas atinjam sua plenitude, daqui a 14 dias, quando ela estiver cheia, no signo de Touro.

Mas o que podemos pensar sobre Sol e Lua juntos em Escorpião? (e tem ainda Marte, mais a frente.)

Escorpião rege os processos de morte e renascimentos, como a semente (de novo) que morre para que o fruto possa nascer. Ou um fruto que apodrece, alimentando os milhares de minúsculos seres que não enxergamos a olho nu.
E rege também nossos impulsos mais fortes, nosso desejo compulsivo por alguém ou alguma coisa, o sexo desvairado, o ciúme transloucado, a dor e o êxtase que experimentamos com um nascimento ou uma morte.
De novo: um orgasmo muito intenso quando, simbolicamente, morremos um pouco no outro.

Então essa Lua nova é um momento interessante pra entrarmos em contato com nossa face mais obscura, uma chance pra trazermos à tona aquilo que guardamos e nem sabemos por quê. Uma paixão, uma mágoa, um riso louco ou um choro de lavar a alma.
"Valeu a pena?/ Tudo vale apena se a alma nõa é pequena" (desculpem, adoro isso.)

Do ponto de vista mais pragmático, aquilo que iniciarmos hoje tem de considerar a paixão implícita de nossos atos, e apostar na profundidade de suas consequências.

Sabem o riso louco do Coringa, de Heath Ledger? Algo próximo daquilo. Ou o magnetismo de Marlon Brando, em "Último Tango em Paris"

Pra terminar, um poema bem escorpiônico, de outro escorpião dos bons: Carlos Drummond de Andrade:


Amor, pois que é palavra essencial

Amor – pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da prórpia vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Escorpião e as metamorfoses

Aproveitando que o o Sol transita pelo signo de escorpião, vou fazer algumas considerações sobre esse signo, muitas vezes pouco compreendido e com uma fama meio negativa, justamente por causa do animal a que ele é associado.

Escorpião é o signo das profundezas. Aliás, a expressão "estar no buraco" pode ser lembrada aqui: um buraco fundo, com pouca luz e onde quase ninguém tem coragem de entrar. Essa é uma das faces do escorpião, com certeza.
Mas podemos pensar também: o que um lugar assim pode trazer? Bem, se não há luz (entendida aqui como clareza, razão) nos resta entrar em contato com a nossa face mais visceral, instintiva, pungente. Aliás, pra sair de um buraco será que adianta ficar pensando muito? Por isso, creio que "estar nas trevas" (de vez em quando) é muito importante, pra podermos reconhecer o que trazemos de oculto conosco.
Esse traço é muito característico nos escorpiões: geralmente ficam entocados, não mostram o que sentem e muito menos quais são as suas reais intenções. Também sentem uma espécie de atração/repúdio sobre o lado menos luminoso da natureza humana. Arrisco também dizer que manipulam os outros e as situações seguindo uma forte intuição - misturada com instinto de sobrevivência.
Mesmo um escorpião - ou escorpiã - falante não se mostra: fala, fala, mas está sempre com as antenas ligadas, captando algo de imaterial no ar (nesse ponto, se aproximam dos seus irmãos aquáticos, os Peixes.)
E toda essa intensidade com que se realaciona com as coisas/situações/pessoas pode gerar também um forte apego, que tem sua origem no controle. É como se o escorpião percebesse a estrutura mais profunda das pessoas e tentasse, com muito esforço, controlá-la. Daí a fama de ciumento e desse signo.
Paradoxalmente, o escorpião atira-se tão fundo nas coisas que acaba por, em algum nível, destruí-las, exaurindo por completo uma relação, uma experiência, um emprego, um ideal. Porque cada mudança dói pra todos nós, mas pra um escorpião ou escorpiã é mais do que isso: é uma morte, quase literal. Ele troca de pele. Ele se queima em sua própria chama, como uma Phoenix, para ressurgir posteriormente, mais forte. Aliás, tome força!
Tenho um amigo escorpiônico que atira-se, obssessivamente, em coisas diferentes ao longo dos tempos: já foi viciado em basquete, quando adolescente: treinava diariamente, só falava disso, se vestia com os jogadores; depois, descobriu o forró. Então frequentava casas noturnas de segunda a segunda, dançando como um doido, além de beber e fumar compulsivamente; há alguns anos descobriu a yoga, largou a bebida e o cigarro, e pratica diariamente, além de aplicar -excelentes - massagens. Mas tudo é intenso e extremo!
Podemos aproveitar esse momento do Sol transitando pelo signo de escorpião pra nos aprofundarmos nas coisas que fazemos, pra termos "aquela" conversa com alguém, ou simplesmente pra mergulharmos um pouco em nossos demônios pra sairmos mais fortalecidos.
E, citando Nietzsche: "Na escola bélica da vida, aquilo que não me destrói me torna mais forte".
Saravá!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Os candidatos de São Paulo

Numa disputa tão acirrada, me deu vontade de olhar um pouco para os mapas de Kassab e Marta, pra quem sabe estabelecer algumas relações entre as atitudes de cada e seus respectivos mapas. Vamos a eles.
Marta Suplicy é Peixes com ASC Áries. A despeito do Sol em Peixes na casa 12 (reforçado pela oposição a Netuno), Marta parece demonstrar mais a face ariana de seu mapa: mostra muita iniciativa, atitude, descolando-se assim da imagem tracional de Peixes, mais passivo.
Contudo, seu Sol está em oposição a Júpiter, o que revela uma face "empolgada", bem clara em seu discurso: ela de fato acredita que poderá realizar muita coisa, aposta em si sem envergonhar-se disso - o que, muitas vezes, soa como arrogância.
Marte, regente de seu mapa, encontra-se em quadratura com a Lua em Touro: combativa, a ex-prefeita não teme entrar em disputas, mas corre o risco de sentir-se excessivamente atacada (pavio curto) e bancar a vítima - coisa típica de Peixes.
Pra finalizar, outras duas coisas: Marta tem Saturno na casa 3 (comunicação), e não é difícil notar as diversas vezes que suas declarações lhe trouxeram problemas. Por fim, outro dado interessante: Vênus na casa 1, em Touro (seu domicílio). A prefeita sabe negociar e tem capacidade de agregar valores, além de atrair dinheiro. Agora, ela nunca se descolará dessa imagem mais "rica" e de madame. Os adversários, parece, exploram bem essa face.
Agora, o mais novo (novo?) figura da vez: Gilberto Kassab.
Ainda me lembro quando ele era candidato a deputado e seu jingle era "Quem sabe, sabe/ Vota Comigo/ Federal é Kassab/ Estadual é Rodrigo". Quem é Rodrigo Garcia? Sei lá. E Kassab? Bom, vamos tentar.
Kassab é um leonino (se não me falha a memória, do mesmo dia de Rodrigo Santoro) e tem se comportado como uma realeza nessa campanha: Não entra em confronto, como se olhasse os adversários "de cima". E, seguindo a postulado de que um leonino é, sempre, vaidoso, lembremos que Kassab deu uma repaginada um tempo atrás: emagreceu muitos quilos, tirou os óculos, aparece sempre barbeado... Aliás, correndo o risco de ser meio tendencioso, tenho a impressão que Kassab aprecia esse lado "ator" do político, que aceita de bom grado fazer diferentes papéis. Aliás, o trígono com Júpiter reforça: ele adora aparecer.
Mas outra coisa chama a atenção: Netuno cravado no MC, em quadratura com ASC e Mercúrio, planeta da comunicação. Lembrando que o MC refere-se ao modo como somos vistos publicamente, Kassab tende a mostrar uma imagem pouco verdadeira, sempre envolto pela névoa netuniana e por palavras doces, mas não exatamente verdadeira - Mercúrio quadrado Netuno.
Têm-se comentado muito sobre o fato de Kassab ser solteiro, não ter filhos, talvez ser homossexual. A despeito do fato de que a orientação sexual não tem nada a ver com a condução política, vejamos o que seu mapa diz sobre isso.
Kassab tem o Sol na casa 7, portanto é um sujeito que precisa, pra brilhar, estar com alguém, fazer alianças. Mas esse Sol está em conjução exata com Urano, o grande rebelde. Oras, hetero ou homo, Kassab não aprecia a constância. Portanto, nõa me surpreenderia se ele largasse o Serra na mão, a qualquer momento, em nome de alguma oportunidade inesperada. Afinal, Leão não gosta de estar subordinado a ninguém, e a conjunção com Urano demanda muita liberdade.
Outros dois fatores interessam: Vênus em Virgem em conjunção com Plutão, ambos em quadratura com Marte. Bem, os dois símbolos de relação - Marte, como eu vou à caça de alguém, e Vênus, como eu atraio alguém - estão em briga: posso gostar de um tipo de pessoa mas me sentir atraído por outro, e por aí vai. E o Plutão? Bem, esse realmente é difícil.
Os contatos de Plutão com Vênus geram uma extrema passionalidade e um desejo muitas vezes incontrolável, quase compulsivo. Pruigros, em seu Livro sobre Plutão, apresenta este aspecto como sendo um indicador de bissexulidade. Aliado a Marte, pode-se afirmar, tranquilamente, que relacionar com alguém mais intimamente desperta em Kassab todas as suas feras ocultas (que nem passam pela nossa cabeça ao vê-lo sorrindo ou quando ouvimos a frase "Kassab é do bem".) Marte quadrado Plutão pode ser tudo, menos "do bem". Liz Green, em seu livro "Astrologia do destino", associa esse aspecto a violência descontrolada, crueldade, sadismo.
Por fim, Saturno.
Domiciliado em Capricórnio, revela o lado mais pragmático e ambicioso de Kassab, que fica lá longe, oculto na casa 12. Mas não duvide: o cara é muito ambicioso. E, ao que tudo indica, vai ganhar fácil.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O começo de cada coisa

O começo de cada coisa

Toda coisa começa.
Começa como um sopro, um choro, uma inspiração. Quando inspiramos, trazemos a existência pra dentro da gente.
Toda sua potencialidade, tensão, tesão, contradições e paradoxos convergem para uma existência única e particular: nós mesmos.

Assim entendo o mapa astrológico: uma fotografia material - porque presente em nosso corpo físico - do momento astrológico exato em que, pela primeira vez, respiramos: simbolicamente, esse momento imprime-se em nosso ser, criando assim uma estrutura - geral e complexa - que nos influenciará durante nossa existência.
Trazendo essa consideração para o campo astrológico propriamente dito, podemos pensar em várias coisas:
O signo de Áries, faísca necessária para que tudo possa queimar; lançar a semente; abrir caminhos; chegar antes - e desistir antes também; bater a cabeça (simbólica e literalmente); objetivar, agir, liderar, lutar: a vida como um campo de batalhas, cheia de obstáculos a serem vencidos. A cabeça, a visão: paradoxalmente, também o bicho impulsivo e volúvel que habita em nós.
O Ascendente e a casa 1: como iniciamos as coisas, como nascemos/chegamos a esse mundo; a impressão primeira que causamos nos outros; nosso "personagem principal", as características que mais facilmente percebemos. Um filtro, uma lente, uma porta de entrada para as experiências - como destacamos certos aspectos de uma situação em detrimento de outros; como nos auto-afirmamos. Resumos da ópera: tudo aquilo que diz respeito ao eu.

Há outras associações, mas por ora essas bastam.

Na verdade, tudo isso me veio quando decidi, num momento preguiçoso de domingo, iniciar o meu blog sobre astrologia.
Aqui haverá idéias gerais sobre astrologia, comentários sobre transitos astrológicos, eventuais observações sobre os signos, e a parte que julgo mais divertida: as relações entre astrologia e arte, política, literatura, cinema, música, fatos banais e o que mais calhar.

E, pra começar paradoxalmente, uma pequena jóia de Paulo Mendes Campos.
http://www.almacarioca.com.br/cro82.htm

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