segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Os descaminhos de Peixes

Último signo do zodíaco, Peixes é o signo que parece expressar, de maneira pouco convencional e clara, diversas características dos signos que o precedem.
Altamente influenciável e fluido, Peixes é um signo do elemento água e portanto está instintivamente ligado ao universo do sentimento, das águas. E as águas de Peixes são águas em movimento, pois Peixes é mutável; assim, deve buscar aprender (signos mutáveis) com as experiências emocionais (elemento água.) Logo vemos que essa tarefa não é das mais simples, pois implica compreender - e aceitar - os descaminhos do coração, dos desejos, das vontades passageiras, e daquilo que é dúbio em nossa existência. O símbolo desse signo são dois peixes nadando em direções opostas, presos pela cauda.
Essa dubiedade pisiciana pode ter origem em sua extrema sensibilidade: Feito uma antena parabólica emocional, os piscianos vão coletando as impressões (coisa vaga por definição) e misturando-as consigo. Então, alguém pergunta pro pisciano: O que você acha disso? Bem, ele coça a cabeça, às vezes sorri, pode até começar uma explicação. Mas não interessa: repleto das impressões dos outros e dos lugares que frequenta, Peixes tende a viver imerso num caos de sensações contraditórias.
Pelo lado oposto, o signo de Virgem completa essa face de Peixes: Virgem devota-se a traduzir e explicar as coisas de modo concreto, para que possamos ter um pouco de operacionalidade sobre elas. "Análise", palavra cara aos Virginianos, significa separar, dividir. Peixes vive a (con)fusão das coisas.
Podemos imaginar Peixes como algo muito lisérgico, como uma tela surrealista ou de Bosch. Peixes vive, simultaneamente, a dor e o êxtase.
Assim, se muitas vezes Peixes tem dificuldade em agir, pode ser porque ele tende a considerar muito sensações e impressões alheias a si próprio, colhidas em alguma experiência alucinógena ou escapista: cinema, sonhos, internet, arte, drogas, loucura, êxtase.
Alguns livros costumam associar Peixes à história de "Alice no país das maravilhas". Alice, como sabemos, dorme e embarca num sonho altamente lisérgico, onde as coisas crescem e diminuem, seres surgem e desaparecem, os valores estão bagunçados. Alice tenta entender o que se passa com sua lógica de menina, mas simplesmente tem de render-se à loucura e non-sense que reina à sua volta. Aliás, tem até uma lagarta que come um cogumelo - a referência à alucinação é evidente.

Pra terminar, um poeminha de Bandeira

O RIO

Ser como o rio
silencioso dentro da noite
Não temer as trevas da noite
Se há estrelas no céus, refleti-las
Mas se os céus se pejam de nuvens
como o rio as nuvens são água
refleti-las também sem mágoa
nas profundidas tranquilas

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Capricórnio e a montanha

Quero falar um pouco sobre Capricórnio, um signo que pouco se mostra mas que tem muito a ensinar.
Quando analiso um mapa de alguém que tem forte influência de Capricórnio (Sol, Lua ou outro aspecto) costumo contar uma história:
O Capricórnio é uma cabra, que tem diante de si uma grande montanha para escalar. O motivo dessa escalada é comer a grama mais verde, que se encontra no pico mais alto.
E assim, após calcular o caminho que seguirá, esperar pelas condições mais adequadas, a cabra inicia sua jornada.
Caminho solitário: o relevo dos alpes (ao que parece) não permite espaço para dois companheiros seguirem juntos; em alguns pontos, a cabra é obrigada e juntar suas quatro patas no limitado espaço disponível e parar, pois o vento é demasiado intenso. O tempo passa.
É possível que haja outras cabras escalando também, mas em geral uma cabra está muito obstinada em alcançar sua meta, portante pode simplesmente (é verdade) não notar nada que não se refira ao seu objetivo. Inclusive, seus sentimentos, essa coisa estranha que varia sem seguir qualquer lógica coerente.
Por fim, acredito que a cabra alcance seu objetivo. Ela pode, enfim, desfrutar do sabor único da grama, naquele espaço pequeno que o cume lhe reserva.
Algumas cabras (talvez a maioria) satisfazem-se com isso e, por que não dizer, sentem uma espécie de orgulho que os distingue da maioria. Mas...

O que fazer depois de conseguir alcançar a realização material? Algumas cabras, como já mencionei, se contentam em guardar seu espaço, marcar bem seu território, preservar sua segurança a todo custo. Outras, ao chegar ao topo, vislumbram o mar.
Sim, o mar sem limite, um grande ser vivo em movimento constante. E a cabra entende que pode, enfim, transcender as preocupações mundanas, a segurança material, a respeitabilidade que sua posição lhe reserva. Ela entende que a meta não é material, é espiritual.
E, como Cristo, a cabra salta do pico da montanha e mergulha no mar profundo. Lá, ganha uma calda de peixe, o que explica o símbolo um pouco diferente desse sigo.

Pode, enfim, descansar. Sua escalada, agora, é para dentro.